segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Manobrista, eu?

Domingo de sol, parei numa padoca para comprar um suco beeem gelado. João desceu do carro para pegar a tal bebida. Encostei meio de qualquer jeito no estacionamento, baita preguiça de manobrar.

- Moço, é rapidinho, eu ligo o pisca e fico dentro do carro. Pode?

- Mas é melhor vc já ficar de frente para a rua. Vai que eu sinalizo.

Putz... 31 graus e sem direção hidráulica.

- Tá bom, moço... vamo aê.

Engata a marcha ré, esterça para a direita, vai para a frente, ré, direita de novo, reto, agora esquerda. Pronto!

- Fala sério, menina. Vc é motogirl e tá escondendo o jogo!

- Hein? 

De tão desmilinguida, nem perguntei que outras gírias os manobristas usam. Me aguarde, moço. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Eita, troço que vicia...

Primeiro é assim: vc pergunta e ninguém diz que fala gíria. Depois, solta o verbo, rs! 

Pensei nisso pq a Susan, do Adote um Gatinho (AUG), leu o post de ontem e lembrou que as protetoras chamam de "adotante" o candidato a dono do gatinho (ou cachorrinho, passarinho, papagaio... o abandono não escolhe espécie!). 

E foi ela me dar um toque lembrei de quando a Angélica, veterinária do AUG, disse para minha mãe que a proteção animal é como "enxugar gelo". Ou seja: um trabalho sem fim. 

By the way, veterinário é simplesmente "vet" na linguagem dos protetores.

Beijos. Fui! 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Ufa, o gato não virou resgate!

Whisky é o gato siamês da Lu, minha cunhada. Véspera de ano novo, entra e sai em casa, a porta da cozinha ficou aberta por alguns minutos e ele saiu. Ninguém viu. Foi dar umas bandas pela vizinhança. Dias depois apareceu todo pimpão, cara magra e deslavada.  Com preguiça de descer nove andares para ganhar a liberdade perigosa das ruas, ele passou uns dias brincando com o amigo siamês da vizinha do sexto andar. Ela viu o Whisky parado na porta, achou que fosse o seu gato, colocou-o para dentro, trancou a casa e viajou. Tinha água e comida, apartamento telado e seguro, tudo certinho. Na volta encontrou dois gatos, e não era efeito das festas de fim de ano, não.

O corre-corre atrás do Whisky me fez lembrar do vocabulário das gateiras quando eu era voluntária no Adote um Gatinho (
www.adoteugatinho.org.br), ONG de proteção animal fundada pela minha querida-amiga-de-longa-data Susan Yamamoto e pela Juliana Bussab. Aproveite para visitar o site e dar uma força para as meninas, o trabalho delas é sensacional. Mas, uma advertência, acompanhar a história dos gatinhos é viciante. Vc vai querer todos!

Aí vai um pouco da linguagem das protetoras:

Abrigo: lugar onde os animais ficam sob os cuidados do protetor
Frajola: gato preto e branco, igual ao do desenho infantil
Gateiro e gateira: quem cuida e ama gatos
Laçador: pessoa especializada em “caçar” gatinhos selvagens
Protetor: pessoa que resgata, cuida e encaminha animais de rua para novos lares
Resgate: um resgate de animal abandonado ou o próprio animal quando tirado da rua
Sialata: mistura de siamês com vira-lata
Tigrinho: gato malhado de pelo listadinho
Tric: gatinho tricolor (não sei pq, mas trics geralmente são fêmeas)

E por aí vai... Quem lembrar de mais, avise!

Beijos felizes!                                                          

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Começando pelo começo




Aí está uma pequena parte 

dos recortes sobre gírias

Coleciono jornais e recortes em geral. Comecei com um exemplar do Estadão sobre o fim da União Soviética. Eu gostava do Gorbi, achava engraçado alguém ter um mapa naturalmente impresso na testa.

Em 2003 meus jornais atingiram dois metros de altura. Aquela pilha inanimada, mocosada num cantinho gentilmente tomado no escritório do meu pai, contava tudo sobre a Guerra do Iraque e seus líderes animados com barbaridades. Veio um período de chuvas, os jornais molharam, minha coleção acabou. A guerra não.    

Hoje meus recortes cobrem duas grandes frentes. De um lado estão os cadernos internacionais com relatos e análises sobre os conflitos em Israel e na Palestina (minha pilha está crescendo esses dias por causa do ataque israelense em Gaza... isso não me deixa nada feliz). De outro, reportagens sobre grupos urbanos paulistanos que me inspiram a procurar novas tribos para o
Gírias.

É por este segundo flanco que o livro vai renascer.
  Muita coisa mudou desde 2001, quando a primeira edição foi lançada. E a gente sabe que mudar é da natureza da gíria, ou melhor, da linguagem oral de modo mais amplo.  

Mãos à obra! 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Território livre da língua portuguesa ;)


Auto-retrato: meu primeiro
momento blogueiro

O ano acaba de começar. Hoje é 1° de janeiro de 2009, 14h49. Para provar que algumas resoluções extrapolam, sim, o plano das idéias (embora o corretor ortográfico ainda esteja acentuando “idéia”, insistindo num português que já caducou) eis-me aqui numa tarefa fascinante: conhecer a gíria e seus falantes! E registrar tudo.

Este é um diário de bordo da atualização do livro Gírias de todas as tribos, lançado em 2001 pela Panda Books. Além de escrever sobre a rotina da pesquisa e do trabalho, o que pretendo fazer aqui é mostrar os belíssimos personagens que cruzarem meu caminho ou cujo caminho vou cruzar. Digo com toda certeza: não vão faltar surpresas.

Mas... como este não pode ser um trabalho solitário (e tb porque um dos meus maiores prazeres é ouvir histórias), espero que vcs todos, meus queridos amigos visitantes, me dêem um help com sugestões, críticas, comentários, incentivos... Enfim, sintam-se livres para interagir com a segunda edição do Gírias!

Para vcs me ajudarem com conhecimento de causa, explico rapidamente a proposta do livro. O Gírias é uma tentativa de decifrar os códigos linguísticos de grupos urbanos, principalmente os da cidade de São Paulo. Não é um dicionário e nem pretende esclarecer a origem das palavras e expressões. Nossa proposta é mostrar como cada tribo se expressa por meio da linguagem... quase um trabalho de detetive!

O blog é, portanto, um espaço aberto e democrático para a troca de experiências sobre as variações da nossa melodiosa (segundos os gringos!) e temível (segundo os gringos e nós mesmos, hehe) língua portuguesa, suas gírias e jargões. Aqui vamos falar e escrever como der na telha (ops, expressão das antigas essa, hein!). Nossa única regra é a gentileza.

Bem-vindos! E que 2009 seja um ano de farta colheita para todos nós!